ALDEIA DA PEDRA
ITAOCARA, ETERNA SAUDADE
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Aquela cidadezinha pacata, hoje vive somente nas lembranças de uma geração que está um pouquinho avançada nos anos.
Um saudosismo, vez por outra, aperta o coração. Recordações que nos transportam para os primeiros anos de vida. Para uma infância de brincadeiras nos quintais, nos pátios dos colégios, nas praças e nas ruas.
Uma infância com o sabor dos doces de dona Terezinha Antunes, dos bolos de Lucy Barros (in memoriam) e de Eucélia Manhães.
Sem brinquedos eletrônicos, o giz branco marcava a calçada para o jogo da amarelinha. Sentados na soleira da porta, bastavam cinco pedrinhas e um outro jogo se iniciava.
No final de tarde, em ruas com pouco movimento, a turma se reunia para jogar "queimada" e só voltava para casa quando o sol já se escondia.
Sim meus caros, faço parte dessa geração analógica, que sem os recursos do mundo digital, aproveitou a infância no mundo real, como muitos de vocês.
Era um tempo em que joelho ralado, gesso no braço, perna ou pé, não raramente, faziam parte do pacote. Não é mesmo?
Uma época em que nossas mães, no finalzinho da tarde, sentavam em cadeiras na calçada para "apanhar a fresca"; nossos pais se reuniam no bar das "quatro esquinas", e a criançada tomava um refrigerante na padaria do "Seu" Mário Monteiro.
Nos dias quentes era impossível resistir ao picolé do "Seu Zé". Aquele senhor de corpo miúdo e cabelos grisalhos, com sua caixa de isopor, fazia a alegria da molecada quando passava anunciando: "Olha o picolé"! Era o melhor, sem sombra de dúvida.
A vida era mais simples, os dias mais longos, as amizades mais verdadeiras.
Acho que éramos mais felizes na nossa inocência.
Nós, que tivemos a oportunidade de viver nessa Itaocara bucólica, privilegiados que fomos, somos gratos à vida por todos os momentos de alegria compartilhada.
Sou muito grata a Deus por todos os anos vividos na minha amada Aldeia da Pedra, por ter compartilhado esse período da vida com pessoas maravilhosas e por manter laços de afetuosa amizade com muitas delas até hoje.
Itaocara, sempre presente na minha memória e no meu coração.
VALÉRIA FARIA LEÃO
Advogada/Escritora
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